
Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor.
Eram bonitos juntos,
diziam as moças.
Um doce de olhar.
Sem terem exatamente consciência disso,
quando juntos
os dois aprumavam ainda mais o porte e,
por assim dizer, quase cintilavam,
o bonito de dentro de um
estimulando o bonito de fora do outro,
e vice-versa.
Como se houvesse entre aqueles dois,
uma estranha e secreta harmonia."
(Caio Fernando Abreu)
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