terça-feira, 10 de julho de 2012

"Dizem que tudo na vida tem dois lados. Um bom e outro ruim.
Depende nos olhos de quem está a pimenta.
Mas se tem algo realmente ambiguo para uma única alma é um troço chamado saudade.
Com ou sem primenta nos olhos.
O dito popular é quem melhor traduz a dualidade de uma saudade quando diz que esta é a
maior prova de que o amor valeu a pena.
Então sentir a falta é bom.E ruim. Em todos os pontos de vista. Vai entender…
Saudade é amar um passado que nos machuca no presente.
É uma felicidade retardada. É deitar na rede e ficar lembrando das ardentes reconciliações depois de brigas homéricas por motivos desimportantes.
Sente-se falta de detalhes, como uma toalha no chão, dias chuvosos, da cor dos olhos.
A saudade só não mata porque tem o prazer da tortura.
Saudade é o amor que não foi embora ainda, embora o amado já o tenha feito.
Ter saudade é imaginar onde deve estar agora, se ainda gosta de vinho bordeaux, se chorou com a derrota do Grêmio no campeonato nacional, se tem tratado aquela amigdalite.
E quando a saudade não cabe mais no peito, se materializa e transborda pelos olhos.
Sentir saudade é ter a ausência sempre do seu lado.
É mudar radicalmente a rotina, comer mais salada e menos sorvete, frequentar
lugares esquisitos, ter dias mais compridos, ter tempo para os amigos, para o vizinho e para a iguana do vizinho.
A saudade é a inconfortável expectativa de um reencontro.
Às vezes a saudade é tão grande que nem é mais um sentimento. A genteé saudade. É viver para encontrar o olhar da pessoa em cada improvável esquina, confundir cabelos, bocas e perfumes, sorrir com os lábios tendo o coração sufocado.
Porque mesmo a saudade sendo feita para doer, às vezes percebemos que ela é o meio mais eficaz de enxergar o quanto amamos alguém, no passado ou no presente.
Por que a saudade é o muro de Berlim desmoronado no chão, capaz de agregar opostos, como a tristeza e a felicidade em uma coisa híbrida.
Se você tem saudade é sinal que teve na vida momentos de alegria com ela ou ele!
No fim das contas, a saudade que agora lhe maltrata nada mais é que uma dívida sendo paga em longas 36 prestações pelo amor usufruído.
Agora aguenta."

(Gabito Nunes em 36 prestações de saudade)

quinta-feira, 28 de junho de 2012


"A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro?
Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.
E quanto ao amor?
Ah, o amor… não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo.
Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão.
Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista."

(Mario Quintana)

quinta-feira, 7 de junho de 2012


"Tudo em mim tem sido esta vontade de afagar.
Há tempos não me ocupo com outra coisa: em tudo que toco ou manuseio há o propósito de cura através do calor das minhas mãos.
Tudo em mim tem sido a necessidade de vivenciar profundamente.
Se as palavras têm estado ausentes, aceito este recolhimento delas.
E espero que voltem com um coração pulsando muito vivo dentro de cada uma.
Por isso a vontade de experienciar cada sensação plenamente antes de tentar decifrar organizando em textos o que tenho sentido.
Dentro dessa minha desaceleração, tenho descoberto muita coisa como, por exemplo, quão necessário é saber receber amor.
Deixar que tudo seja troca antes de ser um troféu.
Deixar que o caos se mantenha intacto antes que haja ajustes.
Ando muito comprometida com as essências.
E com um respeito súbito, a partir daí, pelas aparências.
Não vejo menores importâncias, vejo acontecimentos.
E tenho olhado pras coisas sem aquela grande gravidade.
Tudo em mim tem sido esta disposição para o amor.
E, se vocês pudessem me ver agora, veriam, existe carícia até no meu olhar."

Marla de Queiroz

sexta-feira, 18 de maio de 2012



"Eu sei que tenho muitos defeitos e o meu gosto musical não é igual o seu.
Eu sei que meus ciúmes são exagerados quando se trata de você, assim como minhas crises existenciais.
Eu sei que passo a maior parte do meu tempo te irritando, te fazendo perder a paciência muitas vezes.
Eu sei que você é o oposto de mim.
Eu sei que somos diferentes em quase tudo.
Eu sei que o meu jeito é todo desajeitado, que não sei me cuidar direito, que não sei andar sem tropeçar.
Eu sei que na maioria das vezes, eu faço drama e você odeia isso.
Eu sei que não sou quem você sonhou, por que eu não sou a pessoa perfeita, com mais qualidades do que defeitos.
Eu sei que sou diferente, que odeio a normalidade.
Eu sei que sou frágil demais.
Eu sei que é por isso que acabo me machucando muitas vezes.
Eu sei que pareço ser forte a maioria das vezes, mas não sou.
Eu sei que não sei contar piada direito, que muitas vezes tudo o que falo é sem graça, mas acredite, é só tentativas pra te fazer rir.
Eu sei que as vezes sumo sem dar um motivo, que fico no meu canto sem falar com ninguém.
Eu sei que meu jeito é esquisito.
Eu sei que não faço tudo certo, que só faço o errado.
Eu sei que choro sem motivo, e que fico com raiva sem razão.
Eu sei que me estresso fácil e as vezes acabo descontando em você.
Eu sei que não sou a pessoa mais bonita do mundo, que não sou a pessoa dos sonhos de ninguém, muito menos do seu.
Eu sei que o meu jeito é irritante, que às vezes eu fico te irritando só pra ver um sorrisinho seu. Eu sei que não sei dar carinho direito, que não sei falar que amo toda hora. Eu sei que digo que vou embora da sua vida, que irei te deixar em paz, só que eu não consigo e acabo voltando.
Eu sei que existem outras pessoas melhores que eu pra você, eu sei.
Mas não desiste de mim não.
Por trás de todos esses defeitos, existe alguém que te ama.
E não é pouco."


(Nathalia V.)

terça-feira, 8 de maio de 2012

"O amor é procurar cabelos para completar as mãos, é procurar o que não se viveu para contar.
É esperar o sol aquecer o lado ileso da cama.
É não apagar direito a ausência, a letra, o cheiro.
É insistir com respostas sem as perguntas.
Adiar o amor ainda é cumpri-lo.
Fingir que não se sente é exercê-lo.
O amor devora os sobreviventes.
Não lembra do pente, da navalha, da tesoura de unhas, do jornal, do abajur.
O amor não lembra do que precisa.
Amor é não precisar de nada.
É precisar do que acontece depois do nada, ainda que não aconteça.
O amor confunde para se chegar ao mistério.
Embaralha para não se ouvir.
Perde-se no próprio amor a capacidade de amar.
Amor é comer a fruta do chão. O chão da fruta.
O amor queima os papéis, os compromissos, os telefones onde havia nomes.
O amor não se demora em versos, se demora no assobio do que poderia ser um verso.
O amor é uma amizade que não foi compreendida, uma lealdade que foi quebrada.
O amor é um desencontro por dentro."

(Carpinejar)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012




"E agora está você aí, com esse amor que não estava nos planos.
Um amor que não é a sua cara, que não lembra em nada um amor idealizado.
E, por isso mesmo, um amor que deixa você em pânico e em êxtase.
Tudo diferente do que você um dia supôs, um amor que te perturba e te exige, que não aceita as regras que você estipulou.
Um amor que a cada manhã faz você pensar que de hoje não passa, mas a noite chega e esse amor perdura, um amor movido por discussões que você não esperava enfrentar e por beijos para os quais nem imaginava ter tanto fôlego.
Um amor errado como aqueles que dizem que devemos aproveitar enquanto não encontramos o certo, e o certo era aquele outro que você havia solicitado, mas a vida, que é péssima em atender pedidos, lhe trouxe esse e conforme-se, saboreie esse presente, esse suspense, esse nonsense, esse amor que você desconfia que não lhe pertence.
Aquele amor em formato de coração, amor com licor, amor de caixinha, não apareceu.
Olhe pra você vivendo esse amor a granel, esse amor escarcéu, não era bem isso que você desejava, mas é o amor que lhe foi destinado, o amor que começou por telefone, o amor que começou pela internet, que esbarrou em você no elevador, o amor que era pra não vingar e virou compromisso, olha você tendo que explicar o que não se explica, você nunca havia se dado conta de que amor não se pede, não se especifica, não se experimenta em loja – ah, este me serviu direitinho!"

(Martha Medeiros)

sábado, 24 de dezembro de 2011


"Chega de promessas que jamais vão se cumprir.
Chega de não fazer força para esquecer.
Chega de lembrar do que faz doer.
Chega de se culpar. Chega de acumular sofrimentos.
Chega de não conseguir se perdoar. Chega de procurar sarna para se coçar.
Chega de gostar de quem não dá a mínima para você.
Chega de se esconder da vida. Chega de falsas amizades.
Chega de gente efusiva. Chega de quem pensa que você é obrigado a ouvir.
Chega de se boicotoar. Chega de não pegar a força de vontade pela mão.
Chega de deixar a vida passar por você. Chega.
É tempo de mudanças internas e externas.
A hora de faxinar seu coração é agora. Jogar toda aquela tralha fora, tirar o pó que dia a dia vai crescendo, arrumar a casa aí dentro, organizar a sua vida emocional.
Pode parecer clichê e uma bobagem sem tamanho, mas é só quando você se organiza por dentro que as coisas começam a andar de vez.
Sua vida anda empacada feito mula? Mude.
Troque os móveis de lugar, arrume as gavetas, dê um up no visual, faça um caminho novo, troque a música do seu celular.
Dê um basta em gente mesquinha, fofoqueira, que não tem nada de bom pra dizer e infeliz. Se livre dos problemas, pois o que está na nossa mão a gente pode mudar, mas precisamos ter consciência de que nem tudo está ao nosso alcance. Estabeleça metas que você pode alcançar, pois se a gente fica querendo o impossível a frustração cedo ou tarde bate na porta. Decida o que você não quer mais na sua vida. Esse é um bom jeito de abrir espaço para tudo aquilo que você sonha. Ou tudo que você nem sabe que deseja." (Clarissa Corrêia)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011



Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor, vem me buscar

O meu destino é caminhar assim
Desesperada e nua
Sabendo que no fim da noite serei tua
Deixa eu te proteger do mal, dos medos e da chuva
Acumulando de prazeres teu leito de viúva

Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor vem me buscar

Vamos ceder enfim à tentação
Das nossas bocas cruas
E mergulhar no poço escuro de nós duas
Vamos viver agonizando uma paixão vadia
Maravilhosa e transbordante, como uma hemorragia

Bárbara, Bárbara Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás

Meu amor vem me buscar

Bárbara



(Chico Buarque)