quinta-feira, 21 de julho de 2011



“Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. (…)
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração.
E o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. (…)
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos.
Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.”



Fernando Pessoa.

domingo, 17 de julho de 2011



"Algumas pessoas se destacam para nós (...)

Não importa quando as encontramos no nosso caminho.

Parece que estão na nossa vida desde sempre e que mesmo depois dela permanecerão conosco.

É tão rico compartilhar a jornada com elas que nos surpreende lembrar de que houve um tempo em que ainda não sabíamos que existiam.

É até possível que tenhamos sentido saudade mesmo antes de conhecê-las.

O que sentimos vibra além dos papéis, das afinidades, da roupa de gente que usam.

Transcende a forma. Remete à essência. Toca o que a gente não vê. O que não passa. O que é (...)

Com elas, o coração da gente descansa.

Nós nos sentimos em casa, descalços, vestidos de nós mesmos.

O afeto flui com facilidade rara.

Somos aceitos, amados, bem-vindos, quando o tempo é de sol e quando o tempo é de chuva.

Na expressão das nossas virtudes e na revelação das nossas limitações.

Com elas, experimentamos mais nitidamente a dádiva da troca nesse longo caminho de aprendizado do amor. "


(Ana Jácomo)