sábado, 2 de julho de 2011


"Antes de pensar no outro a gente precisa pensar na gente (alguém me lembra disso daqui a 10 minutos?).
E sempre fui de colocar o outro na frente.
Se você está com problema, sentou aqui e contou, pode ter certeza que vou ficar pensando numa forma de ajudar.
Vou movimentar quem eu conheço pra ajudar.
Já dei roupa, dinheiro, comida, tempo, ouvidos, colo, abraços.
Já dei minha paz.
(...) Não mereço um prêmio por nada, nadinha disso, fiz e faço muitas outras coisinhas, coisas e coisonas porque gosto, porque me sinto bem fazendo, porque acho que certas coisas a gente precisa e deve fazer.
É o meu jeito, é a minha maneira de viver.
Só não quero me frustrar tanto com os outros.
Sempre penso que se eu faço o outro também pode fazer e isso é errado, tá errado, muito errado (me lembra disso hoje e amanhã e depois?), afinal, cada um é de um jeito, cada um tem seus valores, cada um tem sua personalidade, cada um tem sua prioridade, cada um tem um estilo de ser e ver.
Mas uma coisa é certa: preciso parar de olhar tanto para você e olhar mais para mim."

Clarissa Corrêa

sexta-feira, 1 de julho de 2011



Você foi covarde.
Seu amor é forte, seu corpo é fraco.
Você foi covarde como tantas vezes fui por acreditar que a coragem viria depois. A coragem não vem depois. A coragem vem antes ou não vem.
Não posso amaldiçoar sua covardia.
Sua boca não é rápida como suas pernas para me agarrar.
Minhas pernas não são tão rápidas quanto minha boca para lhe impedir.
Você foi covarde.
Pela gentileza de sempre dizer sim, repetidos sim, quando não estava ouvindo.
Já desfrutei de sua covardia, ríspido recusá-la agora, porque não me favorece. Porque não fui escolhida. Não aquecerei seu prato para servi-lo. Não a ajudarei no parto.
Não partirei. Serei aquela que deveria ter sido, enterrada sem morrer, a que desapareceu permanecendo perto.
Sou seu constrangimento mais alegre.
Sua ferida, seu feriado.
Com o tempo, serei sua vontade de se calar. De se retirar da sala.
Não conhecerá meus hábitos de puxar o café antes de ficar pronto.
De abrir as venezianas como quem procura reunir os chinelos ao vento.
Você foi covarde, ninguém iria compreendê-lo.
Hoje todos a compreendem, menos você mesmo. Você não se compreende depois disso. O que é imenso é estreito. O que é infinito fecha.
Até o oceano tem becos e ruas sem saída. Até o oceano. Sua esperança não diminui a covardia.
Quer um conselho?
Finge que a dor que sente é a minha para entreter sua dor.
Saudades ficam violentas quando mudamos de endereço.
Saudades ficam insuportáveis quando mudamos de sentido.
Você confunde sacrifício com covardia.
Compreendo.[...]
[...]
Eu confundo amor com loucura.
Cada um tem seus motivos, sua maneira de se convencer que fez o melhor, fez o que podia.
Você me avisou que não tinha escolha.
Nunca teria escolha.
Você foi educado com a vida, pediu licença, agradeceu os presentes.
Confiou que a vida logo o entenderia. E cederia. Engoliu uma palavra para dormir. Não serei vizinha de seu sobrenome. Seus nomes esperam um único nome que ficou para trás.
Você não desencarnou, não se encarnou, deixou sua carne parada nas leituras. Morrer é continuar o que não foi vivido. Vai me continuar sem saber.
Você foi covarde.
Com sua ternura pálida, seu medo de tudo, sua polidez em cumprir as promessas.
Você não aprendeu a mentir. Tampouco aprendeu a dizer a verdade.
O dia está escuro e não soprarei a luz ao seu lado.
O dia está lento e não haverá movimento nas ruas.
Você não revidou nenhuma das agressões, não revidará mais essa.
Você foi covarde.
A mais bela covardia de minha vida.
A mais comovida.
A mais sincera. A mais dolorida.
O que me atormenta é que sou capaz de amar sua covardia.
Foi o que restou de você em mim.


(Fabricio Carpinejar)

"Todas as manhãs ela deixa os sonhos na cama, acorda e põe sua roupa de viver.
Todas as manhãs ela caminha vagarosamente para pegar o ônibus que a levará para lugar nenhum, para ver ninguém.
E todas as manhãs ela imagina como serão as tardes, ja sabendo a resposta, finge ser feliz assim todas as manhãs.
E todas as manhãs ela espera pela noite, ela espera assim arduamente para voltar para seu quarto, e ser triste.
É quando ela sente que esta assim completa.
Completamente triste, mas completa.
E quando ela tira a roupa e põe todo o seu corpo em baixo das cobertas quentes e sente que começa a sonhar, é quando ela sorri .
Assim pra ninguém.
Mas pra ela mesma.
E viver vale a pena."


Clarice Lispector


Não sigo muito o padrão da sociedade, vivo de tenis e jeans meu cabelo está sempre natural desarrumado, sou de poucos amigos e a maioria são homens e não vejo problema em ser a única menina na rodinha deles. Sou muito preguiçosa adoro ficar deitada e estou sempre comendo, meu humor muda constantemente tudo depende do lugar da hora da pessoa da música etc .. Gosto de me arriscar particularmente adoro o perigo e o proibido, não faço o estilo de menina patricinha delicada so um pouco fria e largada, falo besteira e palavrões até pelos cotovelos.
Eu sou viciada em sapatos, mas prefiro usar um tênis mesmo. Eu sou louca por maquiagem, mas prefiro um lápis, um rímel e um baton e pronto. Eu acho muito perfeito esses pentiados de cabelos, mas prefiro mil vezes o meu solto e bagunçado. E aí as pessoas me chama de desleixada e dizem que isso não é feminino. E quer saber? Deixo que elas pensem, é simples. Até porque, eu odeio rótulos, odeio regras e odeio ser igual ou parecida com todo mundo, porque eu amo ser diferente mesmo.

Meu cabelo é bagunçado, uso shorts rasgado. Meu all star está surrado, minha maquiagem está borrada. Minhas unhas imperfeitas quebram sem parar. Minha risada é alta, minha voz é estranha e eu faço caretas involuntariamente. Como pipoca, brigadeiro e sorvete sem culpa. Danço como uma louca em casa, na escola e na rua.
Falo palavrões fluentemente e é uma pena que eu não possa incluir isso no meu currículo. Não sofro disturbios alimentares, sou estressada pra caralho.
E sabe de uma coisa?
Foda-se a sociedade.
Pessoas perfeitas são um saco.



(Junção de alguns textos de Autores desconhecidos)

quinta-feira, 30 de junho de 2011


"Eu não sou legal, não mesmo.

Acho que sempre tenho razão e quando minhas previsões dão certo olho com a cara mais abominável do mundo, dou um sorriso irônico e falo o clássico eu-te-avisei.

É que, em geral, eu tenho razão.

Essa é a primeira –e mais importante – coisa que você precisa aprender a meu respeito.

(...) Não sei receber elogios, fico sem saber o que fazer, me atrapalho e acabo trocando de assunto – quando não troco as pernas e tropeço em algum canto de mim.

Sorrio para disfarçar desconfortos.

Se eu não gosto de você é bem provável que você tenha medo do meu olhar.

E eu posso simplesmente não gostar de você de graça.

Se eu gostar de você aviso de antemão que você é uma pessoa de sorte.

Eu me entrego.

Quem vive comigo sabe. Quem convive comigo sente.

Eu amo poucos.

Mas esses poucos, pode apostar, amo muito."

Clarissa Corrêa